Quando os pais procuram a ajuda de psicólogos, neurologistas, psiquiatras, muitas vezes querem que o médico ou especialista mude a criança. É um desejo (muitas vezes ainda inconsciente) que o médico dê uma pílula mágica e a criança se torne obediente, ou aperte um botão em algum lugar da criança para que ela queira ir para a escola ou pare de brigar. É realmente assim tão simples? Obviamente não. A criança faz parte do sistema "familiar", que deve ser levado em consideração quando se pretende mudar seu comportamento.
O simples fato de entrar em contato com especialistas já é um passo na direção certa para mudanças positivas. Mas a maioria dos pais, ao consultar um especialista, esquece completamente que uma criança faz parte de um sistema chamado família. Quanto mais jovem for a criança, mais forte será a influência desse sistema sobre ela.
A criança não cresce em uma floresta selvagem (se estamos falando de uma família comum, não da família de um caçador). Ele cresce cercado por sua família e amigos. Portanto, ele adota valores familiares, desenvolve suas próprias formas e mecanismos de interação com este sistema. Como em qualquer outro sistema, é extremamente difícil em uma família mudar um elemento sem influenciar os outros.
Acontece que uma criança vai ao psicólogo por meses (ou até anos) sobre hiperatividade, por exemplo; e nunca fica mais calmo. Qual é a razão? Talvez o psicólogo também não seja muito bom. Mas e se você já mudou muitos psicólogos, mas ainda não há resultado? E a razão está no fato de que o ambiente, a família obriga a criança a reagir às situações da maneira usual.
Para mudar o comportamento, para influenciar a experiência de uma criança, em primeiro lugar, seus familiares devem mudar seu comportamento. Isso se aplica não apenas aos pais, mas a todos que estão em contato próximo com a criança. O novo comportamento do ambiente forçará a psique da criança a procurar novas maneiras de responder. Aqui já é possível ensinar um novo comportamento a uma criança, curar suas fobias, etc. Todas as sessões com um psicólogo não terão qualquer efeito até que a família da criança também comece a mudar.
Comece com você mesmo: você é mais velho e mais inteligente do que seu filho, mais experiente do que ele. Então por que não parar de exigir que ele comece a mudar, e mudar sua atitude diante da situação, formas de interagir com a criança. Afinal, a maneira como você agia antes levava a um resultado insatisfatório.
Não coloque a criança em primeiro plano e sempre a culpe por todos os pecados. Talvez você mesmo tenha dado um mau exemplo em algum lugar ou o forçado a agir de determinada maneira. Por exemplo, ao acusar uma criança de mentir, lembre-se de quantas vezes você mesmo mente sobre ninharias? Bem, eles não pagaram a passagem, já que o inspetor não percebeu; ou disse ao seu chefe pelo telefone pela manhã que você já estava dirigindo para o escritório e que você mesmo estava tomando o café da manhã. Pequenas coisas, certo? Mas isso significa que você mesmo está permitindo mentiras em sua família. Por que então culpar a criança por isso? É uma bobagem para ele mentir que fez o dever de casa. Ou outro exemplo: você exige respeito por si mesmo como pai. Mas, ao mesmo tempo, você mesmo tem um relacionamento terrível com seus pais.
Uma criança é um organismo complexo e parte de um sistema chamado família. Se você quiser mudar o comportamento dele, esteja pronto para mudar a si mesmo. Esteja preparado para mudar seu relacionamento não apenas com seu filho, mas também com outros membros da família. Isso pode ser muito mais difícil do que parece à primeira vista. Mas dá frutos. É muito mais fácil empurrar a criança para o consultório do psicólogo e dizer: "Faça algo com ela!" Apenas o resultado também será muito menor, se tanto.
